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domingo


Botticelli-Primavera-1482

2 Comments:

Blogger Santa said...

DAYSE

Falha nossa!. A Santa não está em Recife. Quem está no blog desde o dia 27 é a estagiária (eu). Nada fácil substituí-la, e não fazer feio. Amanhã ela chegará de uma rápida viagem (trabalho). Parabéns pelo blog, beijos e até o segundo turno...

Santinha:))

setembro 30, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Parnaíba com é.(Leonardo Mota)

Foi tentar a vida, em Parnaíba, no Piauí, um rapazelho semi-analfabeto e que jamais houvera visto uma vila ou cidade. Dias depois, escrevia ele à sua genitora uma carta de que copio, em seguida, vários tópicos, respeitando-lhes a íntegra, mas corrigindo um tanto a respectiva ortografia para mais fácil entendimento do leitor: ( do livro Sertão Alegre escritor cearense Leonardo Mota )

-“Mamãe, Parnaíba é uma cidade monarca de grande. Demanhãzinha se alvoroça tanta gente na beira do rio que parece formiga arredó de lagartixa morta, e quase tudo é trabaiadô caçando ganho. O Mercado é um despotismo: se arreúne mais povo de que na desobriga, quando o padre reza a Missa na Capela do Morros, da dona Chiquinha. Aqui de tudo se vende; de tudo se faz dinheiro: fiquei besta de espiar gente comprando maxixe, quiabo, limão azedo, folha de João-Gome e inté taiada de girimum. O passadio daqui é bom. Todo dia eu como pão da cidade com manteiga do Reino.
Mamãe, as coisa aqui são muito diferente e adversa daí. As casa são apregada umas nas outra que nem casa de maribondo, é de parede e é quase tudo de telha e atijolada, tem umas delas, calçada e forrada de tauba pro riba, que nem gaiola de xexéu e que se chama sobrado. Gente rica aqui é em demasia. Inda onte numa loja, eu vi uma ruma de dinheiro de cobre no chão que parecia juá, quando se ajunta mode dá prus bode no chiqueiro.
Mamãe, a igreja faz inté sobrosso, de grande e alta. Cabe dentro dela todos os morador da Barra das Lage, do Bom Princípio , da Fazenda Nova e ainda se diquere lugar para mais de cem vivente. O povo daqui tem em sestro muito engraçado: não diz “ô de casa”, não! Quando chegam nas casa alêia, batem palma cuma quem estuma cachorro mode acuar tatu em buraco.
Mamãe, a luz daqui é feita num tal de gazome; não precisa pavio nem trucida de algodão mode acender: é só distrocer uma torneira coma quem tira cachaça da ancoreta e é só riscar um fósco que a luz acende beatamente e tão clara que faz gosto! Se o cristão não acender mais que depressa, espaia um cheiro de cebola podre danado, diz que é pru via dum tal de carbureto.
Mamãe, aqui tem um jogo chamado biá que não hái diabo que entenda, mas porém só joga nele gente de famia: é arredó duma mesa grande, forrada c’um pano verde, como baú de pregaria, e os jogador segurando umas vara mode empurrar umas bola que é ver ovo de ema. Quando estão jogando, dê por visto dois mexedor de farinha num forno de barro, ajeitando os rodo, mode não desmanchar os beiju..
Mamãe, aqui tem também um latejo invisive que é um tal de cinema. É só a musga tocar, aparece umas figura de gente, de animal e de rua, tudo perfeito, mesminho como se tivesse vivo e se bolindo. O cinema é um pano esticado, parecido com a vela de embarcação e é a coisa mais bonita e mais encantada que eu já vi.
Mamãe, cheguei onte da Tutoia. Fui nas barcas da Companhia Busse mode trabaiá um vapor inguilês, ganhando dos minréis por dia e quatro por noite. Na Tutoia a gente vê o mar inté onde ele encosta nas parede do Céu. As barcas sacode a gente chega inté fazer dor de istambo e vontade de gumitar que nem urubu novo, tudo isso pru via do desassossego do mar. O vapor inguilês é um paidégua de grande, maior do que a vazante de fumo do compadre Domingo Preto e mais alto do que o pé de tamarina da porta lá de casa. Os porão de botar carga são tão fundo que escurece a vista do cristão que espia. O pessoal que mora no vapor são tudo branco rolgazá, ôio azul e cabelo vermeio. A fala deles só pró diabo, não hai quem entenda: é uma imbruiada como de periquito em roça de milho novo. São danado por papagaio e por cachaça: dão inté roupa de gazimira novinha por um papagaio ou por uma garrafa de geribita. Quando os inguilês falam uns com os outro é uma trapaida direitinha a da tia Damiana, adispois que teve a moléstia do ar. Outra coisa engraçada que eu acho é os ingules do vapor tudo se chamar piloto: mode coisa que os Padre da terra deles não batizam ninguém com outro nome.
Mamãe, pr’eu lhe contar tudo direitamente não hái papel que chegue. Vou acabar porque já me dói as boneca dos dedo de eu tanto escrever.”
Do seu fio Saraivinha.

julho 10, 2007  

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